quarta-feira, 14 de maio de 2008

Outra Coisa

Desejo de outra coisa!

Às vezes começa com um sentimento desajeitado de ser. Gostaríamos de ser outra coisa, qualquer coisa, desde que seja outra coisa.
Essa outra coisa está no sono enigmático do adolescente que se prepara para o vestibular. No cansaço contínuo daqueles que sempre ensaiam entrar na vida...
Essa outra coisa é uma presença. O tédio talvez seja sua maior expressão. Pactua com o deprimido, desperta em nós o agressivo, quando tentávamos ser contidos.
Está no filho que não vem. Na gravidez antecipada. Na prematuração dos partos.
Também a encontramos nos fracassos acumulados, nos acidentes descabidos, nos vícios compulsivos.
Essa outra coisa está nas palavras impostas, na criatividade pressentida, no drible improvisado.
Faz a gente cantar, escrever, interpretar...
Nos fatos esquecidso, nos atos falhos desconcertantes, na rasura de um escrito. Nas noites mal dormidas, insônia de vigília... O pesadelo que nos acorda de um sono infinito...
Na dor que corre o corpo recusando um sentido. Na noite dos boêmios, nas despedidas que ficaram, nos amores impossíveis!
Em errância, essa coisa fala! E é preciso quem a escute sem moral e sem preconceito. Como segredos de menina ou poesia sem sentido!
Num silêncio permitido... Quem sabe um novo dito?!
Uma forma diferente de satisfazer essa outra coisa, de se deixar levar sem se perder. Se oferecer passivamente desejante.
Para, no final, ter uma breve certeza de que o prazer alcançado esteve ali, circunscrito, parcialmente vivido... Sempre a mesma coisa.
Que coisa!

Beijos da, pra sempre, Garota Marota!